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Ações no organismo

  A desomorfina voltou a ter interesse recentemente, devido à sua utilização numa droga conhecida como Krokodil que alia a dependência física e psicológica da desomorfina à destruição irreversível do organismo pelos contaminantes presentes devido ao processo de síntese. Esta droga tem um teor de desomorfina variável, podendo estar presente em quantidades vestigiais ou até mesmo corresponder a 75% da mistura [1-3].

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  O Krokodil é uma droga utilizada por via intravenosa na artéria femoral ou por via subcutânea na grande maioria dos casos, mas pode ser também uma droga de uso oral. O consumo do Krokodil é recente e aumentou bastante nos últimos tempos, o que é uma preocupação crescente pelo facto de serem descritas manifestações devastadoras e sem precedentes associadas ao seu consumo, que surgem em pouco tempo. Para além dos efeitos associados à presença da desomorfina, que justificam o seu uso como droga, vários outros sintomas surgem da utilização do Krokodil, associados ao cocktail de impurezas presentes na droga [1,2].

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  Apesar de não ser propriamente uma ação do Krokodil no organismo, o facto de aumentar a possibilidade de infeções víricas (associado à partilha de seringas) por vírus como o HIV e Hepatite C, faz com que os efeitos provocados por estes virus sejam, de certo modo, uma causa secundária do uso desta droga [1-3]. Para ter uma noção, em 2011, na Rússia, 75% das novas infeções por HIV surgiram em consumidores de drogas injetáveis [1]. Um outro estudo elucidativo deste impacto, revelou que de 90 pacientes com osteonecrose mandibular, e possíveis consumidores de Krokodil, 96,7% tinham hepatite C, 5,6% hepatite B e 7,8% HIV [4].

Em suma, o Krokodil provoca no organismo [1-5]:

- Efeitos tóxicos locais: abcessos, gangrena, tromboflebite, ulceração dos membros, osteonecrose mandibular, infeção cutânea e do tecido liso, necrose, sangramento, cicatrizes, etc.

- Efeitos tóxicos sistémicos: danos nos vasos sanguíneos, músculos, cartilagem e osso, falência de múltiplos orgãos, hipotiroidismo, inflamação do rim e fígado, dor, inchaço, endocardite, pneumonia, meningite, palidez, hipotensão, bradicardia, mãos inchadas, morte.

- Efeitos neuronais tóxicos: Perda da função cognitiva, dificuldade na fala, mudança de personalidade, perda de memória, alucinações.

 

Risco de infeção

Consumidores a injetar Krokodil (a)

Âncora 1

Comunicação de Risco

Síntese

Mecanismos de toxicidade

Referências:

1. Alves, E. A., et al. (2015). "The harmful chemistry behind krokodil (desomorphine) synthesis and mechanisms of toxicity." Forensic Sci Int 249: 207-213.

2. Katselou, M., et al. (2014). "A "krokodil" emerges from the murky waters of addiction. Abuse trends of an old drug." Life Sci 102(2): 81-87.

3. Grund, J. P., et al. (2013). "Breaking worse: the emergence of krokodil and excessive injuries among people who inject drugs in Eurasia." Int J Drug Policy 24(4): 265-274.

4. Poghosyan, Y. M., et al. (2014). "Surgical treatment of jaw osteonecrosis in "Krokodil" drug addicted patients." J Craniomaxillofac Surg 42(8): 1639-1643.

5. Skowronek, R., et al. (2012). ""Crocodile"--new dangerous designer drug of abuse from the East." Clin Toxicol (Phila) 50(4): 269.

(a) Imagens retiradas de: http://time.com/3398086/the-worlds-deadliest-drug-inside-a-krokodil-cookhouse/, a 20-05-2016.

(b) Imagens retiras de: http://io9.gizmodo.com/russias-flesh-eating-drug-krokodil-actually-has-origin-1411641798, a 20-05-2016.

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